Novembro: Panamericana promove eventos culturais para alunos e para o público em geral

As exposições e festivais promovidos pela escola são pensados não apenas com a intenção de reproduzir a realidade do mercado para os alunos, mas também para alimentar a sociedade com arte e design.

Novembro será um mês movimentado na Panamericana. Logo no início do mês, a escola promove, no dia 10, o Reel Review, evento idealizado para que profissionais de Design de Animação e Games possam analisar os portfólios dos alunos, dando dicas e trazendo insights para ajuda-los na construção de suas trajetórias profissionais. Entre os dias 21 e 25 de novembro, a Panamericana sedia o festival de fotografia documental FotoDoc, evento aberto que propõe discutir as relações entre centro e periferia, por meio da obra de fotógrafos convidados, com o objetivo de ressaltar proximidades, estabelecer laços e pontes, criar diálogos. Por fim, no dia 25, realizaremos o nosso já conhecido Artescambo, também aberto ao público e gratuito, que recebe artistas visuais e fotógrafos, amadores e profissionais, para que possam trocar seus trabalhos de forma anônima e, desta maneira, fomentar o colecionismo e o apreço pela imagem.

No mercado brasileiro das artes visuais, os eventos artísticos e culturais – tais quais feiras, exposições, mostras, festivais, concursos e premiações de arte e design, entre outros – têm um papel extremamente relevante para a expansão da economia criativa no país. Seguindo o mesmo caminho, os eventos promovidos pela Panamericana são pensados não apenas com a intenção de reproduzir a realidade do mercado para os alunos da escola, mas também para fomentar a arte e o design como motriz da sociedade. A ideia é que as pessoas que frequentam a escola vivenciem experiências artísticas que as marquem e transformem de alguma maneira, e que os alunos dos vários cursos enriqueçam seus repertórios e aprendam de maneira prática e inspiradora. 

“As portas da Panamericana estão sempre abertas e a grande maioria dos nossos eventos recebe não apenas alunos, mas o público em geral. Em um país controverso como o nosso, onde o incentivo à cultura nunca foi real e relevante, fazemos isso propositalmente, com o intuito de dar a nossa parcela de contribuição ao universo da arte e da economia criativa, disponibilizando conteúdo ao público que está ao nosso alcance. É um trabalho coletivo de todas as instituições que remam na direção de exaltar a arte. É uma luta contínua que não pode parar. Inserir a arte no cotidiano, alimentando a sociedade com os aspectos contemporâneos que são relevantes no momento, é uma maneira de ajudar na conexão das pessoas com o que está acontecendo no mundo”, diz Alex Lipszyc, diretor da Panamericana. 

A relevância dos eventos artísticos no Brasil e no mundo vai além de sua capacidade de impulsionar o mercado da economia criativa. É claro que as feiras, exposições, mostras, festivais são fundamentais para diversificar e internacionalizar o setor por aqui, colocando, inclusive, o país em um papel de destaque na discussão que envolve as grandes potências do mundo. Porém, por serem um lugar para reflexão crítica sobre as dinâmicas da humanidade e do mundo, tais eventos ajudam também a construir valores e estimulam o desenvolvimento da humanidade.

A contribuição da escola para esse processo de desenvolvimento da sociedade por meio da arte vai além do ensino, passando pela arquitetura e ambientação da escola, até chegar na realização dos seus eventos. “Se a arte não existisse, as pessoas viveriam em mundos solitários. Eu acredito que ética e a estética caminham juntas. O que você vivencia é o que você é. As suas experiências e o seu repertório se tornam a sua verdade. É como as pessoas aprendem. Construir uma verdade baseada em ética e estética leva tempo. As experiências artísticas são tijolos dessa construção. É um trabalho contínuo que não deve parar nunca, não deve cessar. As galerias, museus têm um papel moral e social. Acho até que, às vezes, elas até afastam e assustam o público, que não sabe se vai ser capaz de entender e assimilar aquilo. A Panamericana, por ser uma escola, um lugar de aprendizado, democratiza esse papel da arte no aprender e no caminhar juntos. A nossa intenção é fazer com que as pessoas percebam as filigranas da ética e da estética. O foco não são apenas os alunos, mas a sociedade como um todo”, diz Alex. 

Para além dos eventos e exposições, Alex destaca a importância da arte e da estética nos espaços urbanos: “Quando você vê uma cidade suja, quando você uma parede pichada, uma rua esburacada, uma luz pública que não está acendendo, água vazando e você se acostuma com essa realidade conturbada, aquilo termina se tornando o ‘certo’, o esperado. Nesse momento, de uma certa maneira, sua moral se torna cortada, pouco clara. Por isso eu acho que a ética e a estética são conectadas. Elas se retroalimentam. Uma bela arquitetura em uma bela cidade, com ruas arborizadas, limpa, aquele todo passa a fazer parte da nossa vivência, faz parte da minha experiência com espaço. Olhando para isso, a gente percebe a importância do belo. A estética das cidades, por exemplo, está fortemente ligada à cultura e reflete um universo de significados sobre os espaços e as pessoas que ali vivem, além de manter a ordem e o propósito de transcendência, reflete.

Não à toa, o diretor da escola faz questão de participar de cada detalhe da criação dos eventos da Panamericana. “Na maioria dos eventos, sou eu mesmo que cuido pessoalmente da ambientação. Eu coloco a mão na massa, pego a escada e subo para ajustar a iluminação, tento criar o clima adequado, pensando sobre como o expectador receberá aquilo. Eu tenho muito cuidado. Eu fico bravo quando vejo um cabo elétrico aparecendo ou algo fora do lugar. Por trás de cada evento, independente do que nós queremos mostrar, existe essa preocupação com a ambientação, com a experiência que a gente gostaria que as pessoas internalizassem e guardassem para sempre. Minha preocupação não existe apenas em relação ao conteúdo, mas também em relação a como apresentar o conteúdo, que é o que eu acredito que faz a diferença. Existe aqui um amor pelo processo, um cuidado que faz parte do aprendizado, tanto nosso quanto dos alunos. É como uma batalha contínua, que faz um efeito lento, mais muito valioso”.

Alex relembrou a importância do legado de Danilo Santos de Miranda, gestor cultural brasileiro que dedicou metade de sua vida à transformação do Sesc SP em uma potência cultural nacional, para ressaltar a importância de se fomentar a arte e a cultura por meio de eventos artísticos: “Até vou usar das palavras do Mirando que faleceu recentemente: ‘A educação precisa muito da arte’. Eu acredito que faz parte do trabalho do artista criar uma conexão dos tempos atuais com o público, e as exposições e os eventos servem para isso. O Miranda dizia que a educação e o desenvolvimento de um povo e de uma sociedade são diretamente relacionados à arte e a cultura. E eu concordo. Até porque não é só na escola que se aprende. A arte abre horizontes”, finaliza. 

 

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