Ex-aluno da Panamericana já encabeçou mais de 100 projetos nacionais e internacionais de gigantes do e-commerce, como Electrolux, Vivara e Latam
Formado designer gráfico pela Panamericana, Rodrigo de Gouveia acumula 18 anos de experiências profissionais no mercado de comunicação. Para além do Design Gráfico, o hoje líder de projetos digitais e diretor de User Experience da ACCT | Consulting & Technology, trabalhou também nas áreas de publicidade, branding e marketing digital. Como profissional de UX, já encabeçou mais de 100 projetos nacionais e internacionais de gigantes do e-commerce.
Desde sua infância em Atibaia, cidade do interior paulista, Rodrigo gosta muito de desenhar. O talento para as artes fez com que seus pais percebessem que o filho adolescente tinha potencial para se desenvolver na área. “Eu me lembro que quando eu estava no primeiro colegial meu pai me levou para fazer uma espécie de teste vocacional. Ele queria descobrir uma maneira de aproveitar o meu talento para o desenho. O teste elencou várias possibilidades de profissões atreladas ao meu gosto por desenhar, desde a ilustração mesmo, até pintura artística, arquitetura e as áreas mais focadas em comunicação visual, o que engloba o Design Gráfico”, lembra o hoje UX Designer.
Com a resposta do teste em mãos, o segundo passo foi pensar em uma maneira de desenvolver o talento do filho. Foi nesse momento que a Panamericana foi escolhida como escola para o jovem prodígio: “Quando eu estava no segundo colegial, um amigo da família aconselhou meu pai, dizendo que se ele realmente acreditava no meu potencial artístico, o melhor caminho seria me matricular em uma escola de artes de renome. Fomos conhecer a Panamericana da Av. Angélica, onde eu estudei, porque o prédio da Groenlândia eu já conhecia das minhas visitas à São Paulo. Conhecemos a estrutura da escola, me mostraram um pouco das atividades, conversei com dois professores que me contaram sobre os trabalhos deles e eu fiquei totalmente encantado. Decidi que queria estudar ali”.
A logística de estudar na Panamericana para um adolescente que morava fora da cidade de São Paulo não era tão simples, mas Rodrigo insistiu que aquela era a escola onde ele começaria sua trajetória profissional. “Resolvi fazer aulas aos sábados, porque eu ainda estava terminando o colegial em Atibaia durante a semana. Me lembro de ser o molecão de cidade do interior que todo sábado acordava de madrugada e pegava condução para ir fazer o curso em São Paulo. Eu era muito novo, acho que uns 15 anos de idade”, relembra.
Rodrigo é um dos muitos ex-alunos da Panamericana que guarda, além das boas lembranças e experiências na memória, as pastas com os trabalhos da época de escola: “O primeiro ano foi muito focado em desenho a mão e eu tive várias experiências legais com trabalhos manuais, que era o que eu gostava. Aprendi muitas técnicas de ilustração e drafts de pintura. Depois eu tive que escolher o direcionamento do curso. Gostei muito da ideia de estudar o Design Gráfico e aprender como usar minha criatividade para trabalhar com comunicação. As aulas passaram então a serem direcionadas para esse universo. Vi desde criação de KVs, até design de produto. Foi um grande desafio porque para mim era muito simples, na época ser criativo desenhando à mão, mas utilizar as ferramentas digitais para agregar à minha criatividade era uma novidade. Foi o segundo ano de estudo na Panamericana, o degrau que me fez crescer nesse sentido. Eu tenho até hoje as pastas da escola com os meus trabalhos”.
Durante o segundo ano de Panamericana, Rodrigo cursou o terceiro ano do colegial em sua cidade e, após finalizar o ensino médio, já começou a trabalhar na área de comunicação visual em sua cidade, ao mesmo tempo em que finalizava o curso da Panamericana e dava início a um curso superior de Design Gráfico: “Minha vida virou uma loucura. Comecei a trabalhar em uma empresa de médio porte em Atibaia de dia, já usando os conhecimentos que eu absorvi no segundo ano de Panamericana, e à noite ia para São Paulo estudar. Vivi uma rotina desgastante de vai e volta que me fez crescer e amadurecer. Eu também entrei na faculdade de Design Digital, ao mesmo tempo em que eu iniciei o terceiro ano de escola mais focado para a âmbito da comunicação. Mas valeu a pena. Foi esse período de esforço, inclusive, que me ajudou a maturar a decisão sobre o que eu realmente queria fazer da vida “.
O último ano de Rodrigo na Panamericana solidificou o início de sua trajetória profissional: “Eu comecei a trabalhar já na área de design, mas focado para o digital. Eu acabava vivenciando muito do que eu estava aprendendo na própria Panamericana. Várias coisas eu tirava de letra quando muita gente ainda estava aprendendo. Isso também acelerou muito o meu primeiro ano de faculdade, porque eu já tinha aprendido muito daquilo na Panamericana. Foi essa a época que eu consegui encontrar o caminho que eu, de fato, queria seguir. Foi a primeira vez que eu pensei que realmente tinha nascido para a área de comunicação”.
O curso da Panamericana foi tão importante para Rodrigo, que ele optou por nem terminar a faculdade: “Eu saí da faculdade antes do fim, até porque a própria Panamericana já tinha me aberto muitas portas na área de Design Gráfico. Por meio da escola eu consegui muitos contatos em agências de São Paulo e quando terminei o curso já trabalhava muito como freelancer tanto na área de Comunicação quanto na área de Design Gráfico. Eu lembro que foi mais significativo eu falar que tinha feito o curso da Panamericana na hora de buscar trabalho do que dizer que eu estava fazendo faculdade”.
Com o fim do curso na Panamericana, o então designer gráfico resolveu se mudar para São Paulo ao receber uma proposta para trabalhar em uma empresa que fazia anúncio para listas telefônicas: “Era a Listel na época, depois virou Guia Mais. Além de ser um salário maior, eu tive a oportunidade de trabalhar com um time maior. Três anos depois eu já havia me destacado ali. Mas como o impresso era um universo fadado a morrer, eu decidi fazer uma migração dentro da empresa e comecei a trabalhar mais com a parte de internet. Foi aí que eu decidi sair para montar meu próprio negócio e criei minha própria empresa aqui em Atibaia”.
A empresa que Rodrigo abriu tinha foco no cenário de Comunicação end to end e fazia tanto peças gráficas, quanto digitais. “Era uma coisa meio 360. Começaram a aparecer cada vez mais projetos de web design, portais e sites para eu fazer. Eu fazia um pouco de tudo, mas essa era a demanda maior. Foi quando, por volta de 2014 e 2015, eu decidi aproveitar toda a minha bagagem para me encontrar dentro da área de digital, abdicando um pouco do Design Gráfico, que até então era minha grande fortaleza. Quando eu decidi abandonar Design Gráfico, que era onde eu me realizava e tinha minha criatividade enraizada, eu precisei parar para entender como materializar minha criatividade na web. Foi aí que na prática eu comecei a trabalhar e entender mais sobre os universos de experiência do usuário. Era uma época em que o UX estava começando a existir. O termo nem era usado, se falava apenas em se conceber produtos que gerassem a satisfação do usuário”.
Rodrigo começou a trabalhar com produtos digitais e foi contratado por uma empresa para ser diretor de arte, que era algo que ele já tinha feito bastante ao longo da sua trajetória, porém com o desafio de construir um departamento que criasse os produtos digitais sob a ótica de UX. Foi quando ele percebeu a necessidade de especializar na área que era completamente nova no mercado: “Fiz alguns cursos e certificações na área de UX, antes mesmo de começar a existir o boom do UX e comecei a criar esse departamento dentro da empresa. Fui construindo processos, amadurecendo o tema dentro da companhia, criando um time. Na época eu precisava ser muito evangelizador, no sentido de ter que provar a importância de uma área que estava começando a existir. Deu certo. Estou na empresa até hoje”.
Dentre as mudanças pelas quais Rodrigo passou durante sua transição de carreira ele destaca o processo no qual o profissional criativo passou a dar uma maior importância para a gestão de pessoas: “Eu comecei a me encontrar como uma referência para um time. Em 2020, veio a pandemia e tivemos que criar diversos processos para criar relações com o time. Foi aí que passei a usar o lado criativo para a gestão de pessoas. Me descobri. Hoje tenho um time de 30 pessoas sob meu guarda-chuva na área de UX. No ano passado, por conta da minha criatividade, me foi dado um outro desafio que é o de ser líder de produtos digitais. Eu acabei absorvendo um outro time com mais de 20 pessoas e sigo precisando me reinventar e me especializando”.
“Entre as coisas que esse universo me proporcionou, o que eu gosto muito é a minha relação com clientes de grande porte dentro da empresa. Hoje eu sou referência para os times internos da Electrolux, Vivara e Latam, por exemplo. Somos uma empresa de consultoria, então trabalhamos os setores de produtos digitais e UX dentro dos clientes. Também participei de um projeto de transformação digital da Ri-Happy. Ajudar na evolução digital de clientes desse porte é muito satisfatório para mim”, conta Rodrigo.
O reconhecimento não apenas das empresas grandes para as quais presta consultorias, como de outras que já ofereceram oportunidades de trabalho, faz com que Rodrigo se sinta realizado: “A KaBuM me fez uma proposta para que eu construísse um departamento lá, mas sinto que ainda não terminei minha tarefa aqui. Esse desafio que me foi dado de trabalhar melhor a gestão de produtos digitais ainda não foi finalizado. Faltam alguns degraus para que eu tenha a sensação de dever cumprido e pense no próximo desafio. Sei que ainda tenho um caminho longo pela frente, e muita coisa para conquistar. Porém, aos 38 anos estar onde estou, se eu pensar desde o início da minha trajetória, molecão, o quanto eu amadureci profissionalmente, não dá pra eu não me considerar bem-sucedido. Eu construí alguns dos pilares mais importantes para a minha carreira, e devo parte da minha transformação profissional à Panamericana”.
Rodrigo não titubeia ao afirmar que o aprendizado que teve na Panamericana é fundamental para o seu trabalho até hoje: “Meu time, inclusive, tem déficit no sentido do conceito do design. Por exemplo, o UX é você entender um pouco da jornada do consumidor, entender dores para compreender as premissas de construir um bom produto. Um bom produto precisa ter uma usabilidade boa e oferecer uma experiência boa. Mas se você não consegue se engajar, ser sexy para o usuário, todas as outras premissas vão por água. Porque não adianta nada você ter um produto que não seduz, que você não consegue ofertar. Por isso algumas das coisas que eu aprendi durante o curso da Panamericana, que são as estratégias de marketing, como ser persuasivo, como ser atrativo são a base de alguns dos pontos que eu bato muito com o time. Falta no UX esse lado criativo que engaja o usuário, que é mega importante e é a base do universo do design gráfico”.
“Sinto que essa base de criatividade, que é o foco da Panamericana, é o que falta nos profissionais de hoje. Tanto que as pessoas que se destacam são as que, além de conseguir olhar todo o processo end to end, também conseguem ser criativas. Isso é o diferencial. A criatividade está em você ser questionador, sair da zona de conforto e ser disruptivo. E o fato de a minha base profissional ter sido construída na Panamericana, com essa premissa da criatividade, é que me trouxe até aqui e é algo que eu uso até hoje. Não é possível construir produtos atrativos sem ser criativo. E, graças a Deus, eu tive a possibilidade de trabalhar muito isso no curso da escola. A criatividade que a Panamericana me ajudou a fomentar, eu sigo usando muito no meu dia a dia”, explica.
Questionado sobre que conselho daria para pessoas que pretendem migrar para a área de UX, Rodrigo diz que em primeiro lugar é preciso ter calma: “A ansiedade é mal do século. Qualquer transição é algo que leva tempo. Durante uma transição para o UX você precisa se apegar bastante aos pilares e ir experimentando as coisas aos poucos para se realizar, porque eles são importantes para que você possa usar sua criatividade para criar soluções. Existem diversas maneiras de fazer uma transição para o UX, mas é fundamental entender a parte processual que envolve pesquisa, entendimento de jornada e testes de usabilidade. É possível mudar de carreira de maneira intuitiva, aprendendo na prática. Mas é lógico que se especializando tudo fica melhor. Hoje você tem muito mais possibilidades de estudar o UX e UI do que existia na minha época. E estudar e se informar ajuda muito”.
“Eu costumo falar bastante sobre o conceito do iceberg. Hoje, quando alguém da comunicação visual pensa em transitar para o UX, provavelmente está muito focado na parte da ponta visível do iceberg. Mas o mágico acontece quando você começa a entender o que não é visível, o que está na base. Quando você começa entender os porquês, os motivadores, as dores, começa a pensar de fato no entendimento do problema para depois começar a construir as soluções. Sabendo utilizar a base da criatividade e tendo o tempo para amadurecer o conhecimento sobre o UX, se encontrando, absorvendo metodologias, conceitos e teorias, você tem tudo para ter sucesso na área. É preciso buscar a solidificação do conhecimento do UX/UI. Porém, não adianta ser técnico se você não tiver uma escuta ativa e não for empático com as pessoas”, finaliza Rodrigo.