Dica do professor: “CASACOR São Paulo é programa obrigatório para estudantes de design de interiores”, diz Cissa Gomes

Para o estudando, a mostra é um laboratório riquíssimo de oportunidades principalmente porque quando você aumenta o seu repertório, você torna suas conexões mentais muito mais perspicazes

Acontece até 06 de agosto, no Conjunto Nacional, a 36ª edição da CASACOR São Paulo. Principal evento da mais completa mostra de arquitetura, paisagismo e design de interiores das Américas, a exposição ganha, em 2023, um espaço ampliado com mais de 11.000m² de área construída. Com elenco poderoso, que encarou o desafio de dar luz ao tema definido pela equipe curadora: ‘Corpo&Morada’, a mostra apresenta projetos que fazem referência à pele em que habitamos, além daquela do corpo, a da casa e a do planeta.

Para alunos de Design de Interiores e entusiastas do tema, a CASACOR São Paulo é programa obrigatório. “Lá no início a CASACOR tinha o intuito de ser uma mostra que impulsionasse o mercado de cultura, arte e design, em uma época em que chique mesmo era olhar para o além mar para buscar inspiração. Naquele tempo, acabávamos importando estilos europeus que já eram fora de moda nos seus países. Com o tempo essa intenção veio se aprimorando. Hoje, temos uma CASACOR com uma curadoria que dispensa comentários. O trio Livia Pedreira, Pedro Ariel Santana e Cristina Ferraz domina muito o mercado. Então é um time de peso que está por trás daquilo”, diz Cissa Gomes, designer de interiores, professora da Panamericana, diretora da Associação Brasileira de Design de Interiores de São Paulo e também curadora de conteúdo da ABD.

No time de arquitetos que se destacam na mostra, a edição traz Luiz Otávio Debeus, Ticiane Lima, Erica Salguero, Mauro Contesini, Tota Penteado e Ricardo Caminada, Flávia Burin e Bruna Moretti, Barbara Dundes, Marcela Penteado, Gabriel de Lucca e Paulo Azevedo, além de outros nomes que já passaram com sucesso por CASACOR, como Carlos Navero, Cilene Lupi e Vilaville Arquitetura. Samuel Angelo também repete presença na mostra, agora em parceria com Zeh Henrique Domingues. O interior do Estado de São Paulo também terá forte presença com projetos assinados por Gustavo Martins, Mônica Costa, Cacau Ribeiro, Hellen Pacheco e Quintino Facci, além do trio Silvia Camargo, Caru Cunha e Nana Cunha. Já o litoral paulista será representado por Carla Felippi.

“Se engana o estudante ou profissional que vai passear pela mostra e acha que aquilo é um devaneio estético de bom gosto de alguns profissionais. É muito importante entender a CASACOR como a maior mostra de design de interiores, decoração, arquitetura e paisagismo da América Latina. Aqui em São Paulo, e em outros estados, a curadoria prima por um elenco plural para criar os ambientes que imprimam diferentes estilos. O intuito é receber profissionais diversos para reunir olhares e vivência variados. Porque existem muitos ‘Brasis’ no Brasil, que é um país gigante. Então esse intercâmbio de profissionais de diferentes lugares em uma mesma mostra é muito interessante. Só aí já temos uma importância monstruosa e magna para que designers e estudantes visitem essa mostra”, explica Cissa.

Para comemorar 30 anos de parceria com a CASACOR, a Deca convidou um dos maiores nomes da arquitetura residencial no mundo, o arquiteto Sig Bergamin. Há três décadas, o arquiteto assinou um ambiente para a marca e agora, retorna para celebrar a longeva sinergia em máxima potência. Já a Portinari, outra empresa do Grupo Dexco, trará para a mostra um dos mais premiados arquitetos paisagistas do país: Alex Hanazaki, conhecido por seus projetos marcantes nas edições em que participou. Também do grupo Dexco, a Duratex, terá a arquitetura solar da carioca Paola Ribeiro.

A LG convidou o escritório carioca, BC Arquitetos, com sede em São Paulo e projetos em todo o país e em Portugal. O catarinense Marcelo Salum, também estabelecido em São Paulo, vai assinar a Casa Riachuelo. E um dos talentos promissores, revelado pela mostra, o arquiteto Ricardo Abreu foi convidado pela Coral para projetar o ambiente da marca. O trio paulista, Carolina Mauro, Daniela Frugiuele e Filipi Troncon, da Suíte Arquitetos, vai projetar o espaço da Cosentino. Outro trio, a Très Arquitetura, foi convidado pela Celmar que estreia na CASACOR São Paulo com ambiente proprietário. Bem como a Líder, que trará o escritório Figueiredo Fischer Arquitetos, para fazer seu espaço.

“A CASACOR é um exercício do uso dos materiais novos e antigos. Todo o mercado de design de interiores, quando lança novos produtos, quer estar na Casa Cor mostrando os lançamentos por meio do olhar do elenco que foi escolhido pela curadoria da mostra. Todos esses profissionais tentam imprimir na mostra as características pulsantes do trabalho deles o que dá a ela uma relevância enorme para que os alunos façam uma visita. É uma oportunidade de se conhecer o trabalho dos profissionais renomados no mercado de design de interiores e arquitetura, que foram curados para estarem ali. Isso faz com que estudantes aumentem o repertório, por estarem conhecendo quem de fato tem importância no mercado, além de ajuda-los a entender como os materiais foram manipulados e usados naqueles ambientes, o que é outra coisa bastante importante”, aconselha Cissa.

O processo criativo do tema da CASACOR deste ano baseou-se em 4 macro pilares: a casa como um lugar de subjetividade; a casa como um lugar maternal; a casa como um lugar de permanência e a casa como um lugar de conhecimento. A partir desses pilares, foram idealizadas duas premissas para viver a casa: tratar a si mesmo como se trata a casa e tratar a casa como se trata o próprio corpo. “Pensamos de maneira ampla para criar um conceito que fosse além dos movimentos de mercado e também dialogasse com as pessoas e comunidades culturais que constroem e avançam os territórios da mostra, traduzindo a nova relação do ser humano com seu corpo e sua morada, sobre como a nossa casa é o nosso corpo e vice-versa”, revela Mariana Stabile, Founder e CEO da Sharp, agência responsável pelo conceito.

Conceito, inclusive é outra coisa muito importante para os alunos de design de interiores, segundo a professora do curso: “Uma das coisas mais difíceis e mais importantes para um bom designer de interiores é exatamente dominar conceitos. Eu sempre falo para os meus alunos que, num grande escritório de arquitetura que faz design de interiores também, o profissional com o maior salário é sempre o que domina o conceito. Porque todos os outros acabam ficando numa esfera muito mais operacional e consequentemente mais barata. Então, nesse universo, dominar conceito é o que existe de mais valioso. Quando a gente vai para uma CASACOR, nós temos a oportunidade de ver uma curadoria incrível, os melhores profissionais do mercado atual, novos talentos e veteranos. É um mix de gente fazendo os projetos dentro de um único conceito. Eles querem imprimir o seu melhor, não apenas para o público que vai consumir os projetos nos escritórios, mas também uns pros outros. E isso é muito salutar para quem visita a mostra, porque vemos uma dedicação para a entrega da melhor interpretação do conceito, porque alma de qualquer projeto de design de interiores está nele. É no conceito que você ancora todo o trabalho”.

Entre as estreias na CASACOR São Paulo 2023, temos a arquiteta e apresentadora do GNT Stephanie Ribeiro que divide a autoria do projeto com José Carrari Filho e Gabriel Ramires. A arquiteta e ativista social, Ester Carro, da ONG Fazendinhando. Além das arquitetas Audrey Carolini, Thamires Mendes, do Arqtab, que se juntaram a Maycon Fogliene, para projetar um estúdio 100% acessível. Estreiam também Anna Yuri e Jefferson Anthero, a dupla da AD/VP, Andressa Danielli e Vanessa Pasqual, Bruno Moraes, Danielle Vit, Daniel Szego e Fredy Terzian, Felipe e Eloy Fichberg, Felipe de Almeida, Isabella Nalon, Juliana Cascaes, Rafael Zampini, Renan Altera e Rubia Vieira.

“Na CASACOR, cada ambiente foi modelado do zero por cada profissional. Então conferir a modelagem, a vestimenta, a ergonomia dos espaços, observando as soluções encontradas, serve de inspiração para a construção de repertório dos alunos de design de interiores e de base para sua vida profissional. Isso é insumo para que eles consigam ir pra sala de aula e ter referências que alimentem a criatividade. Porque quando você aumenta o seu repertório, você torna suas conexões mentais muito mais perspicazes. Pro estudando, a mostra é um laboratório riquíssimo de oportunidades. Por exemplo, uma coisa é você ver um material, uma madeira, um laminado, ou qualquer outra matéria-prima em uma feira de revestimentos. Ali você está vendo uma amostra num painel. Você não está vendo uma aplicação daquele material em um ambiente. Na mostra, a gente vê todos os materiais aplicados em projetos reais. É uma oportunidade que todos temos de visualizar a aplicabilidade dos materiais nos ambientes e isso é incrível para todos nós que projetamos”, afirma Cissa.

A professora e designer de interiores também destaca a importância de se conhecer e entender a escolha do mobiliário nos projetos da mostra: “O mobiliário é protagonista no projeto de interiores. Nós temos uma gama de mobiliário nacional, principalmente os do modernismo, e muitos dos profissionais se valem desse mobiliário brasileiro nos espaços. Ali há um mix muito interessante de mobiliário nacional e internacional nos projetos. Para os alunos, conhecer o mobiliário brasileiro e a história do mobiliário brasileiro e internacional é outro ponto fundamental. Nesse sentido a CASACOR vira uma espécie de cardápio para quem quer aprender”, finaliza ela.

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