Na era da automação, o aprendizado permanente é fundamental para que não nos tornemos ultrapassados e anacrônicos.
Vivemos na era da automação. Só no Brasil, segundo estimativas, a perspectiva é que, até 2030, cerca de 15,7 milhões de postos de trabalho sejam afetados pelo avanço da tecnologia. Pessoas poderão ser substituídas por robôs, aplicativos e inteligência artificial, e nossa melhor arma para vencer a corrida contra os robôs é a capacidade de aprender e inovar. O grande contingente da população que hoje atua em funções operacionais precisará investir no aprendizado permanente para criar novos modelos de carreira.
A principal vantagem da humanidade sobre as máquinas e inteligências artificiais é o nosso cérebro. Não existe no mundo nenhum supercomputador com a mesma capacidade que o cérebro humano tem de processar informações. Com mais de 80 bilhões de células nervosas e mais de 160 mil quilômetros de vasos sanguíneos, nosso cérebro é capaz de fazer milhões de conexões todos os dias, além de estar apto a processar imagens complexas em até 13 milissegundos, o que nos possibilita arquivar o equivalente a mil terabytes de informações. Para se ter uma ideia, caso fosse possível criar um computador com a mesma quantidade de circuitos do cérebro, tal máquina consumiria a despropositada quantidade de 60 milhões de watts por hora, de acordo uma estimativa de cientistas da Universidade Stanford. Por isso, é preciso exercitar o cérebro para que essa verdadeira máquina de fazer conexões se mantenha funcionando de forma saudável. Temos que nos manter sempre alertas para que nosso cérebro não entre na função “piloto automático”, e aprender algo novo todos os dias é uma excelente maneira de criar novas fiações neurais e novas conexões em nosso cérebro diariamente.
Leia, pesquise, se informe
O hábito de ler é fundamental para o aprendizado. Além de dinamizar o raciocínio e a interpretação, a leitura é muito importante para aumentar o conhecimento e ajuda na construção textual. Não é preciso ter muito tempo livre durante os seus dias para ler nem devorar todos os livros existentes em uma biblioteca. Para aprender coisas novas todos os dias, basta escolher bem o que terá tempo hábil para ler a cada dia. Além disso, com o avanço do mundo digital, é possível encontrar muita informação de qualidade na internet. Buscar assuntos de seu interesse e até mesmo explorar temas que o tirem de sua zona de conforto é uma ótima forma de aprender coisas novas todos os dias.
Questione, documente, exercite
O hábito de ler é indispensável para o aprendizado, porém a leitura por si só não será suficiente se não soubermos como reter as informações. Pesquisas científicas sobre a memória apontam que, após uma semana, nos esquecemos de cerca de 75% das informações a que fomos expostos e, após um mês, de 98%. Por isso, é necessário assimilar o conhecimento para retê-lo. Fazer anotações, exercícios de interpretação de texto, questionar, debater conceitos, fazer associações e parar para refletir sobre o que foi lido é essencial para que de fato possamos aprender algo com as nossas leituras.
Interaja com outras pessoas
Cada ser humano tem um conjunto exclusivo de circuitos e conexões cerebrais que moldam os pensamentos. A forma como cada pessoa resolve problemas e interpreta as informações é muito individual e, por isso, uma simples conversa pode fazê-la enxergar o mundo sob outra perspectiva e aprender algo novo. Interagir com outras pessoas, debater pontos de vista e questionar diferentes experiências também é um excelente modo de aprender algo novo todos os dias. Conversar com pessoas que têm diferentes bagagens de conhecimento é algo que abre novos horizontes e inspira novas soluções. Lembrando que, para aproveitar ao máximo cada conversa, precisamos perder o medo de parecermos tolos e estar dispostos a perguntar muito. Às vezes, sentimos vergonha de fazer perguntas que pareçam básicas demais, porém nossa curiosidade pode potencializar o nosso aprendizado com pessoas que venham a ter muito a nos acrescentar.
Desaprenda para aprender
De acordo com estudos neurocientíficos, o cérebro humano é guiado por circuitos internos que nos fazem agir por hábito e por meio de estereótipos muitas vezes criados inconscientemente. Os circuitos neurais que criamos ao longo do tempo nos levam a uma percepção automática do mundo, muito mais do que pelo recebimento de novos dados. Por isso, é comum que as pessoas percebem as coisas de acordo com suas crenças e preconceitos, em vez de vê-las como elas verdadeiramente são ou como poderiam ser. Portanto, para realmente aprendermos coisas novas sempre, precisamos desaprender os estereótipos que criamos ao longo da vida. Sempre que nos deparamos com uma nova informação, o cérebro tende a distorcê-la para tentar encaixá-la em uma das velhas categorias que criamos a partir de nossas experiências. Por isso, é imprescindível compreender que é preciso descartar ideias preconcebidas, desobedecer, quebrar lógicas e educar nosso cérebro para as mudanças e para a reconfiguração incessante. Desaprender a ser tão rígido é indispensável para que possamos lidar com o inusitado e absorver novos conhecimentos.
Descanse
Por último, mas não menos importante, é preciso descansar para que possamos aprender coisas novas todos os dias. Quando estamos estudando, discutindo sobre alguma questão difícil ou tentando entender algo mais complexo, nosso cérebro chega a gastar até 50% do oxigênio disponível no corpo. Quando o cérebro trabalha em ritmo frenético, tal qual algumas máquinas, ele corre o risco de pifar. A nossa concentração diminui significativamente a cada 50 minutos consecutivos de estudo. Para que nosso cérebro “esfrie” e consiga assimilar novas informações, precisamos parar algumas vezes para dormir profundamente ou tirar um cochilo, ouvir uma música, respirar, nos distrairmos de alguma forma. Vale sair para passear, olhar a paisagem, jogar conversa fora sobre assuntos “desimportantes” ou qualquer coisa que nos permita um descanso. Além disso, é fundamental cuidarmos do sono. É durante o sono que as sinapses, elo transmissor entre os neurônios, são restauradas, melhorando o desempenho do cérebro. Portanto, dormir bem e descansar são coisas primordiais para a nossa capacidade de aprendizado.
